Quando começou o curso técnico em Administração no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS), em Osório, no litoral norte do estado, a estudante Juliana Estradioto, de 18 anos, não imaginava receber prêmios e reconhecimento em uma área completamente diferente: a da ciência.

Mas nesta terça-feira (30), ela foi a ganhadora do reconhecido prêmio Jovem Cientista, promovido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), na categoria Ensino Médio. A gaúcha desbancou adversários de todo o Brasil com o seu primeiro projeto de pesquisa. “Nunca esperava. Parece mentira todo esse reconhecimento que estou recebendo. É uma honra, e além disso mostra quanto o esforço vale a pena”, diz.

A estudante desenvolveu um filme plástico biodegradável a partir da casca do maracujá. Ele substitui as embalagens comuns de mudas de plantas, que geram alta quantidade de resíduos na agricultura. “Quando se retira o plástico convencional, muitas vezes acaba danificando a raiz da muda”, explica.

 
Embalagem criada com a casca do maracujá pode ser plantada com a muda e se decompõe rapidamente. — Foto: Arquivo pessoal

Embalagem criada com a casca do maracujá pode ser plantada com a muda e se decompõe rapidamente. — Foto: Arquivo pessoal

O plástico criado por ela reduz a poluição causada pelos sacos plásticos convencionais, se decompõe em 20 dias e não precisa ser retirado no momento do plantio. E ele foi criado a partir de um produto natural, a casca do maracujá.

“Na cidade onde eu moro tem produção de maracujá, e eu percebi que as cascas da fruta são descartadas no meio ambiente. Com elas eu consegui produzir essa embalagem biodegradável para a muda”, conta. “Assim, ela não precisa ser retirada na hora da plantação e se decompõe rapidamente.”

O projeto foi desenvolvido durante 12 meses. “Entrei em contato com uma ciência que eu não conhecia. Abriu meus horizontes e me apaixonei completamente pela área. Vi que os jovens do ensino médio também podem propor soluções para problemas de suas regiões”, diz.

Com o mesmo projeto, Juliana ganhou diversos outros prêmios. Entre eles o Agência USP de Inovação na 15ª Febrace e a medalha de ouro no Genius Olympiad 2018, na Universidade Estadual de Nova York.

O projeto não tem relação com as disciplinas estudadas no currículo do técnico. Juliana o desenvolveu de forma extraclasse, por dedicação e interesse no assunto.

Ao final do curso técnico em administração, Juliana já tem em mente seus próximos passos: uma graduação em Engenharia Química com bolsa do CNPq. E os projetos científicos não param. Ela trabalha em outras duas ideias com o mesmo propósito: o reaproveitamento de resíduos. “A gente gera tanto lixo que muitas vezes nem nos damos conta que eles tem potencial, e acabam sendo desperdiçados”, finaliza.

 
A professora orientadora Flávia Twardowski e Juliana na Genius Olympiad, em Nova York.  — Foto: Arquivo pessoal

A professora orientadora Flávia Twardowski e Juliana na Genius Olympiad, em Nova York. — Foto: Arquivo pessoal

  

 O Prêmio Jovem Cientista é uma iniciativa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e visa revelar talentos na área científica, além de impulsionar a pesquisa no Brasil, investindo em estudantes e jovens pesquisadores que procuram inovar na solução dos desafios da sociedade.
 
FONTE :PORTAL G1 

 

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