Resumo | Como a Química pode auxiliar no combate à poluição atmosférica?
Data de Publicação: 13 de maio de 2021

O Conselho Regional de Química da 5ª Região (CRQ V) promoveu, na última quinta-feira (6), uma live em seu perfil no Instagram sobre a relação entre a Química e o Meio Ambiente. Para falar sobre o tema, o CRQ V convidou a química Daniela Migliavacca Osório, também formada em engenharia elétrica e doutorado em Ecologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Na opinião da pesquisadora, a poluição atmosférica é um dos grandes problemas mundiais. A temática é sempre recorrente nos debates dos mais diferentes campos de estudo. Na Química não é diferente. A poluição na atmosfera se dá, em grande parte, pelo descarte e manuseio irregular de substâncias tóxicas e prejudiciais ao meio ambiente. “A poluição atmosférica não tem fronteiras, não respeita continentes. Você encontra a poeira do Saara na Amazônia”, citou a professora.
A presença de profissionais da Química nesta discussão é de extrema importância e pode resultar em projetos sustentáveis e de grande valor ambiental.
O meio ambiente é um laboratório a céu aberto, com interações entre várias áreas da Ciência, na visão da especialista. Segundo a palestrante, a poluição atmosférica tem impacto no solo, ar, água e microrganismos.
De acordo com ela, a questão ambiental é multidisciplinar, e os profissionais da Química podem colaborar na identificação de substâncias tóxicas e em possíveis buscas de materiais associados à sustentabilidade.
Ela citou o exemplo do polo coureiro calçadista, no Rio Grande do Sul, e o tratamento de efluentes que deixaram um passivo de solo contaminado. “É importante o uso consciente dos recursos naturais e a diminuição de poluentes e seus impactos ao meio ambiente”, afirmou.
Voltando à temática da poluição atmosférica, a pesquisadora revelou que a contaminação acontece de forma rápida, diferente da poluição no solo e na água que pode levar anos. “A emissão dos fornos, caldeiras e de veículos tem um impacto ambiental global”, pontuou.
Em um estudo de mestrado feito na região de Candiota, no Rio Grande do Sul, ela avaliou a água da chuva e verificou nas coletas a presença de amônia. Não era para a substância estar na água da chuva. A pesquisa revelou que a amônia era oriunda dos excrementos de animais no campo.
Daniela analisou que as emissões de poluentes podem ser reduzidas. “Mas, não podemos controlar, por exemplo, as emissões de gases e poeiras numa erupção vulcânica”.
Ainda conforme a especialista, a água, ar e solo são um ciclo, e a Química pode ajudar a entender quando se tem um desequilíbrio e corrigi-lo quando é possível por meio de processos.
Segundo a professora, o Brasil evoluiu muito nos últimos anos na defesa do meio ambiente, com equipamentos tecnológicos e uma consciência por parte das empresas. “Mas falta uma gestão mais adequada, um incentivo à gestão. A legislação ambiental é boa. Temos profissionais capacitados e tecnologias e estamos num patamar consistente”, disse.
Saúde e pesquisas
Daniela Migliavacca assegurou que os gases que mais poluem a atmosfera são os poluentes clássicos, como o dióxido de enxofre, que provém das emissões veiculares e queima de combustíveis; o nitrogênio, na forma de monóxidos; ozônio; e o material particulado e gasosa (poeira inalável), que é objeto de estudo junto à Organização Mundial da Saúde (OMS). O material particulado causa dano ao meio ambiente e à saúde e é um dos grandes problemas atuais.
“Em alguns locais, temos problemas atmosféricos diversos como em São Paulo, com o ozônio, por causa da grande frota de veículos, compostos orgânicos voláteis, nitrogênio. O CO2 está relacionado há vários ciclos biogênicos na atmosfera. O volume é grande e causa um desequilíbrio gerando o aquecimento global. O SO2 provocou, décadas atrás, a chuva ácida na Europa e até em Cubatão (SP).
Hoje, há investimentos em tecnologias e processos. O material particulado vem de uma sequência de processos e pode adsorver componentes químicos que são tóxicos. Segundo ela, há uma grande preocupação com a saúde humana. “Algumas emissões podem ser minimizadas na fonte, fazendo monitoramento e implantando processos. Para cada tipo de segmento econômico, há uma solução ou um encaminhamento. Já se sabe que os compostos orgânicos voláteis podem conter vírus e bactérias”.
Em um trabalho recente de mestrado, a professora e sua orientanda analisaram hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, estruturas orgânicas de benzeno com mais de três anéis aromáticos, que podem ser tóxicos e cancerígenos.
A pesquisadora contou que vai iniciar um trabalho na Unicamp para pesquisar a relação da qualidade do ar com doenças cardiorrespiratórias. Ela acrescentou que essa pesquisa necessita de profissionais da Química e da saúde para compreender e ter uma comprovação científica e com um estudo aprofundado.
“Sabemos que o uso de máscaras na pandemia, de certa forma, acabou nos protegendo de outras coisas também. Na China, por causa da poluição atmosférica, a população utiliza esse equipamento há muitos anos, e não é pela Covid-19”.
Resumo produzido pelo Conselho Federal de Química.
Assista à live em: https://www.instagram.com/tv/COi8-rUCyX_/