Professor e pesquisador dos programas de pós-graduação em Química e Engenharia Química da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Érico Marlon Flores, recebeu no início do mês de setembro a Medalha Ioannes Marcus Marci. A distinção, uma das mais importantes na área da química, ocorreu durante o Simpósio Europeu de Espectrometria Analítica realizado na República Tcheca.  Érico é o primeiro pesquisador latino-americano a receber a premiação que se deu pelo seu desenvolvimento de métodos analíticos que permitem uma determinação segura em fármacos, alimentos, etc. dos compostos tóxicos como lítio, manganês, selênio e zinco, utilizando a espectroscopia.

Nascido em 1966 na cidade de Caxias do Sul (Serra Gaúcha), Érico graduou-se em Química Industrial nos anos 80 na UFSM e, poucos anos depois, concluiu seu mestrado na mesma instituição. Já na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, na década de 90, o pesquisador alcançou o título de Doutor em Engenharia de Minas, Metalúrgica e dos Materiais. No início de sua trajetória na Ciência, Érico empolgou-se com o curso que na época efervescia com a presença de professores alemães. Neste período, decidiu que esta seria a profissão de seu futuro e pôde iniciar sua experiência profissional ainda na graduação, trabalhando voluntariamente em laboratórios de química orgânica e inorgânica. Já no segundo ano de graduação, foi selecionado para ser monitor do Setor de Química Industrial e Ambiental do Departamento de Química da universidade. Neste ambiente acadêmico, o pesquisador trabalhou com profissionais valiosos para a química do Rio Grande do Sul, como a Profª Drª Berenice Roth e a Drª Leopoldina Keller, além de seu orientador de mestrado e doutorado, Prof. Dr. Ayrton F. Martins (membro da Academia Riograndense de Química). De acordo com o professor, durante seu mestrado, ainda com 24 anos, já era professor substituto de Química Inorgânica e aos 26 foi aprovado no concurso para professor permanente do Departamento de Química da UFSM, onde atua desde então.

Dentre os quase 400 artigos científicos publicados, Erico destaca o seu primeiro, publicado no Journal of Analytical Atomic Spectrometry (JAAS, 1997), resultante da sua tese de doutorado. “Este foi meu primeiro artigo internacional, que recebeu muitos elogios pela simplicidade da geração e introdução de hidretos em um atomizador, e isso permitiu maior visibilidade do nosso, na época, ainda pequeno grupo de pesquisa”, menciona.  De acordo com o pesquisador, outro destaque é o seu primeiro artigo publicado no periódico de maior impacto da área de química Analítica (Analytical Chemistry, ACS, 2004) em parceria com os professores Juliano S. Barin, Guenther Knapp, João Alfredo Medeiros e José Neri G. Paniz. Este artigo, resultado da dissertação de mestrado do Prof. Juliano S. Barin na UFSM, foi pioneiro em demonstrar a viabilidade de um método de combustão envolvendo um novo princípio, a ignição por micro-ondas, que acabou sendo patenteado.

Ao saber da premiação, a surpresa e felicidade tomaram conta do pesquisador no âmbito pessoal e principalmente no que inclui a universidade, devido à grande visibilidade fornecida pela distinção, “dessa forma, sinto-me gratificado em poder retribuir para a instituição, onde me formei e onde trabalho, um pouco do reconhecimento que tenho recebido”, cita.

Segundo Flores, a ciência é diretamente ligada ao  desenvolvimento do páis. Com o tempo e maior compreensão da sociedade, a visão da ciência e do mundo torna-se não apenas mais ampla, mas mais profunda e tolerante. Segundo ele, “os prêmios, além da alegria esperada de quem os recebe, são um motivador para os alunos, principalmente os mais novos. Independentemente do valor, o significado do prêmio será sempre um estímulo saudável para as novas gerações e também para os cientistas com carreira consolidada”. Para estes jovens, Flores aconselha o estudo e atualização constante como forma ideal de se seguir no caminho da ciência. “Além disso, sempre é aconselhável dar uma olhada em outras áreas da ciência que possam contribuir com sua especialidade, nunca abrindo mão do capricho e, principalmente, tratar a ciência com alegria”, acrescenta. Para encerrar,  o professor lembra da importância de se manter o bom humor, independente da área da ciência escolhida. “Dificuldades sempre acontecem, mas com otimismo e bom humor as coisas ficam mais fáceis. É preciso sempre tentar melhorar nossa sociedade, gerando e difundindo conhecimentos científicos e motivando os alunos a acreditarem em seu potencial, sempre com base na ciência real nunca na pseudo ou quase-ciência. Lembro constantemente da seguinte máxima: ‘se com a ciência podemos ter eventuais problemas, sem ela provavelmente não estaríamos aqui hoje’”, conclui.

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