Descoberta de molécula pode explicar origem da fala
Data de Publicação: 7 de março de 2025

Um grupo de cientistas descobriu que um gene pode ter sido fundamental para a evolução da fala em humanos. Chamado de NOVA1, o gene contém instruções para a produção de uma proteína essencial no desenvolvimento do cérebro ao se conectar e regular o material genético (RNA) nos neurônios.
Publicado no periódico Nature Communications, o estudo mostrou que o RNA transporta instruções do genoma para as células, onde as proteínas são produzidas. Embora outros mamíferos tenham o gene NOVA1, a versão humana é única, substituindo o aminoácido isoleucina por valina na proteína resultante.
O estudo revela que mutações no gene NOVA1 estão ligadas a atrasos no desenvolvimento humano, incluindo problemas de fala e movimento, e a distúrbios neurológicos como a ataxia opsoclono-mioclônica (doença neurológica caracterizada clinicamente por movimentos oculares rápidos, irregulares e multidirecionais). Para investigar o papel do NOVA1, os cientistas utilizaram técnicas de edição genética em camundongos de modo que os animais tivessem uma versão idêntica a dos humanos. Como resultado, eles observaram que o NOVA1 se liga a RNAs relacionados ao desenvolvimento cerebral e movimento, mas não aos de vocalização, indicando que a versão humana é especial e pode ser essencial para a evolução da fala.
Além disso, os pesquisadores observaram que a versão humana do gene altera os sons emitidos pelos camundongos. Filhotes com essa variante genética emitiam ganidos com frequência, altura e musicalidade diferentes. Já os machos adultos modificados apresentavam mudanças na melodia e na articulação dos chamados de acasalamento em comparação aos camundongos sem o gene.
Ao analisar 650.000 genomas de seres humanos, os pesquisadores encontraram a variante humana do gene NOVA1 em todos, com exceção de seis casos. Esse estudo sugere que troca de blocos de construção no gene pode ter favorecido a linguagem falada no Homo sapiens, tornando essa característica vantajosa para a sobrevivência e aumentando sua frequência evolutiva.
Fonte: Superinteressante